segunda-feira, junho 12

Super Bock Super Rock - Act II

Vou um bocado atrasado mas não posso deixar de publicar as minhas impressões sobre a segunda entrega do festival de rock lisboeta. Tenho escrito pouco, falta de tempo e preguiça de sobra. Mas na passada quarta-feira deixei a preguiça de lado e estive a correr contra o tempo para largar o trabalho e chegar a tempo de assistir aos Editors, os primeiros a subir ao palco nesse dia. Quase que consegui chegar a tempo, ouvi de fora do recinto o ínicio da prestação do quarteto de Birmingham. Que granda malha! É só o que posso dizer, queria vê-los à força, já se sabe que a prestação ao vivo pode vir confirmar ou negar o valor de uma banda. No caso dos Editors fiquei de água na boca, uma interpretação irrepreensível e uma energia em palco que contagiou todos os presentes, que apesar de serem poucos abriram a festa em grande. Quando a malta já tava contente de pular e saltar, saem-se com uma versão do "Road to Nowhere" e aí arrasam tudo. Definitivamente vai-se ouvir falar muito dos Editors.

Havia muita malta à espera dos dEUS, muito nervosismo, muito ai ais das meninas por ali espalhadas. Mas quando eles chegaram, notou-se que também eles estavam cheios de vontade de tocar para um público português de novo. Havia muitos fãs, mesmo muitos, já que a cada canção havia entusiasmo renovado do público. Eu também tava todo contente é claro, falhei todos os concertos anteriores da banda de Tom Barman em Portugal, e estou mais arrependido do que nunca. Como já se sabe, isto dos festivais, dançar, cantar, berrar deixa um gajo cansado, e nesta altura mudei-me para o pequeno cantinho com relva que é a benção no recinto de cimento do Parque Tejo. Ouvi os Cult e parte dos Keane estendido ao comprido. Apesar disso ainda me deu para apreciar qualquer coisa, os Cult foram competentes, debitaram as suas canções que são quase clássicos já. A música não é propriamente genial, mas tem um som roqueiro que ainda dá algum gosto ouvir. Fiquei sem perceber se Ian Astbury é grande fã do Figo ou se estava só a tentar puxar pelo pessoal. Quanto aos Keane, a meio do concerto fiz o esforço para me levantar quando eles começaram a tocar uma das músicas giras que têm, mas no geral o concerto foi meloso e sensaborão...

Mas adiante que o melhor ainda estava por vir, Legendary Tiger Man apresentou-se no palco secundário, sozinho, qual homem dos sete instrumentos. Tocou os seus blues e seu rock, canções algo simplistas. Mas teria de ser necessariamente assim um one man show, apesar disso muito e bom som a vir de cima do palco. Ao ir-se embora Paulo Furtado apontou-nos para o palco principal, e para os últimos interpretes da noite. Os Franz Ferdinand entraram com a energia que seria de esperar para quem conhece a sua música e os dois albúns editados. Nesta altura estava muita gente, mesmo muita gente a olhar para o palco principal a ouvir a música e a saltar. Ainda não vi as estatísticas mas a impressão com que fiquei foi que havia mais gente que em qualquer outro concerto. Os Franz proseguiram a um ritmo alucinante a descarregar energia, guitarradas, e umas porradas na bateria a contratempo de vez em quando, a música contagiou todos os presentes. Nos outro dias ensaiei uma fuga mais cedo para evitar a confusão a deixar o recinto, neste não resisti a deixar-me ficar até ao final, ouvir tudo, saltar tudo, valeu bem a pena.

Escusado será dizer que fui trabalhar todo partido no dia seguinte, literalmente a arrastar-me, olheiras, mal-estar e azia. Nada de novo, nada de grave hehe. Mas quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga, já dizia o genial António. Até saí cedo do trabalho, mas acabei por adormecer, despertou-me a minha boleia para o recinto, já eram quase dez da noite. Lá me vieram buscar e arrancámos, não havia trânsito, nem muita gente no estacionamento por isso até chegamos rápido à entrada... Aí é que percebemos que tinhamos de voltar para trás porque alguem se tinha esquecido do bilhete... A minha expectiva para este dia era assistir à performance de Pharrell Williams, o ex-NERD. Infelizmente já não cheguei a tempo. Quando entrei estava 50 Cent a cantar (?) na sua voz pouco melódica, a mandar uns yo-yo-yos e uns tiros. Caguei pó gajo e fui dar uma volta pelo recinto, ver o artesanato, beber umas jolas. O que me consegui lembrar até o gajo se calar e ir-se embora. Notava-se o vazio que estava o recinto, também se notava alguns adolescentes acompanhados pelos pais, entusiasmados com os yo-yo-yos...

Finalmente o gajo bazou, e assistiu-se a uma boa prestação dos Mind da Gap, já quase veteranos do hip-hop nacional. Agora que o estilo virou moda, este grupo do Porto com provas já dadas mostra que não é de modas se faz a música. Havia algumas pessoas à espera de Patrice, que conseguiu pôr o público a mexer-se. A música não é verdadeiramente reggae, é mais um cruzamento entre os sons da Jamaica e o estilo funk de Jamiroquai. Não só em termos sonoros, mas tembém o estilo visual e a forma de estar em palco. A mistura resulta bem, o tempo dirá se se trata apenas de um sub-produto da indústria musical ou se é algo mais.

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