segunda-feira, maio 28

As Planícies que Trago Dentro

Lembro-me de como recentemente ao sair de Madrid, ao circular na autoestrada que atravessava uma planície a perder de vista me senti estranhamente em casa. A nostalgia apoderou-se de mim. Senti-me um pouco livre da minha prisão semanal quando me encontrei apenas encerrado entre os campos e o céu.

No fim de semana passado passei pelo Alentejo, levava um objectivo bem definido, ia visitar os papás é claro. Mas queria fazer algo mais, ir passear um pouco pelo campo, pelas planícies que fazem as minhas memórias. A Primavera é austera nos campos alentejanos, não há lugar a grandes exuberâncias, mas a paisagem é extremamente bela. Ali sim, realmente se sinto livre, no meio dos campos floridos, pintalgados de roxo e amarelo que trago na memória. É verdade que andei o fim de semana ranhoso, mas alergias e pólen aparte senti-me novo, reedificado. À muito tempo que não me divertia tanto sozinho, a pular cercas, saltar ribeiros, espreitar os animais à distância. Depois chegar a casa e ouvir um sermão por trazer as meias e os sapatos cheios de ervas. A minha única companhia, a minha câmara, registou tudo. As fotos realmente não lhes fazem justiça, mas decerto terei muito mais tempo para visitar as minhas planícies.

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