quinta-feira, setembro 6

Alergia ao Trabalho

Estive demasiado tempo sem escrever aqui, reconheço. Um comentário à minha ultima entrada confirmou isso mesmo, a resposta que deixaram deixou-me ao mesmo tempo triste e alegre. Pelo menos ainda tenho audiência. Por uma série de razões está-se a tornar mais difícil escrever. Tenho menos tempo, e os senhores da instituição onde estou a trabalhar agora têm bloqueada metade da Internet, incluindo o Blogger. Ainda não falei sobre as minhas férias, nem sei se o farei (no ano passado acabei por não escrever nada sobre a minha road trip). Mas a minha cara metade está a escrever uma série sobre as nossas férias para quem tiver curiosidade. Vou sim, pôr um apontador para as minhas fotos assim que as tiver carregado todas no Flickr.

O facto é que esta semana não me anda a correr nada bem. Um dos grandes problema é que o regresso ao trabalho (nem que seja depois de uma curta semana de férias) é violento, isto foi agravado pelo facto de estar cada vez mais farto do que faço e dos horários de gente louca. Mas lá apanhei o avião para Madrid na segunda-feira de manhã. Experimentei a Vueling pela primeira vez e não posso dizer que tenha ficado muito impressionado, fomos avisados que o avião ia sofrer um atraso quando já estávamos todos os passageiros enfiados naquela sardinha em lata, e lá tivemos tempos e tempos à espera. A companhia retirou algum espaço entre os bancos para conseguir enfiar mais algumas pessoas em cada voo, o resultado é que alguém da minha estatura quase não cabe lá. Estar lá encafuado não me soube nada bem, e claro cheguei ao meu destino com um humor péssimo. Nem quero pensar na viagem amanhã.

Ainda pior, já andava a sentir qualquer coisa durante as férias, quando voltei ao bulício laboral o choque foi tal que me comecei a sentir realmente mal. Ignorei a coisa, fiz um auto-diagnóstico, alergia ao trabalho, e deixei-me andar. Ontem à noite senti-me bastante doente, e acabei por ceder ao senso comum e dirigi-me hoje ao Centro de Saúde mais próximo de mim. Posso dizer que não encontraram o caso do meu mal, mas deram-me uns comprimidos e deixaram-me descansado, não preciso de ir à faca nem nada disso. Mas também posso dizer que fiquei impressionado com o sistema público de saúde espanhol. Tive um tratamento que só consigo comparar ao tratamento que recebi em Portugal num hospital privado. Cheguei ao centro, esperei algum tempo para tratar da burocracia, e de imediato me dirigiram para um médico. No total estive lá menos de duas horas, foram-me feitas análises, e até me aconselharam a registar-me no centro uma vez que estava a residir temporariamente na sua área. Principais diferenças que observei: aqui o conceito do médico de família realmente existe e funciona; o tempo de espera foi por causa dos trâmites administrativos (mas não me puseram obstáculo burocrático algum note-se); o número de médicos não tem nada a ver aqui é muitas vezes superior... Confirmei também em primeira mão algo que já sabia, os medicamentos são comparticipados quase na sua totalidade. Fui à farmácia levantar a minha receita e comprar um termómetro, paguei apenas o termómetro.

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