quarta-feira, outubro 24

A Guerra às Drogas

Normalmente digo o que me apetece aqui na minha Tribuna, não tenho a preocupação de agradar a ninguém nem de ser politicamente correcto. Por isso mesmo hoje vou tocar num tema polémico, as drogas. O estigma que foi implantado no nosso imaginário colectivo associa as drogas a coisas más, o tráfico, a degradação, a violência. Mas na realidade esse estigma está presente apenas nas drogas ilegais. Muitos dos medicamentos que vamos buscar à farmácia munidos de receita médica são drogas (drogas legais claro) na medida em que podem criar habituação, mas como genericamente têm outro nome todos dão por assumido que não têm efeitos secundários indesejáveis. Talvez a pior das drogas (e uma droga dura segundo a definição já que cria dependência física) é perfeitamente aceite na nossa sociedade, o álcool. No entanto o seu consumo é encorajado e visto como socialmente desejável. Pelo menos estamos a ficar menos hipócritas com o ataque que tem havido ultimamente ao tabaco.

É verdade que as drogas têm efeitos nefastos sim, mas se nos pusermos a pensar nos efeitos que são consequência não do consumo, mas da sua proibição? A violência, a corrupção, o dinheiro sujo, todos vêm na realidade do tráfico de substâncias ilegais. Se as drogas fossem legais, poderiam ser cobrados impostos sobre elas, poderia ser verificado o seu grau de toxicidade. Na Holanda o consumo de drogas está regulamentado, e não proibido. Que eu saiba ainda não houve nenhum apocalipse, nem nenhuma catástrofe social por lá. Os cidadãos não se perdem nas malhas da droga, pelo contrário, são dos povos mais produtivos e organizados da Europa. Para familiarizar-se um pouco mais com toda esta problemática, e com o dogma das drogas aconselho a leitura do livro O Rei vai Nu, disponível em qualquer livraria. Deixo-vos aqui com a primeira parte de um documentário sobre o falhanço da guerra às drogas nos Estados Unidos.

segunda, terceira, e quarta parte do documentário.

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